Candongueiros, uma marca de Luanda

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No primeiro contato com Luanda, salta aos olhos a grande quantidade de vans azul e branca nas ruas e avenidas da cidade. Sempre apinhadas de passageiros, elas circulam indistintamente tanto nas vias principais como nas secundárias. São os candongueiros, imprescindíveis para o deslocamento de boa parte dos cerca de seis milhões moradores de Luanda. Os ônibus na capital angolana ainda são poucos. Os táxis, raros. Trem urbano (os comboios), só há uma linha. Metrôs, simplesmente não existem. E aí os candongueiros são, sem exagero, uma instituição na cidade.

Candongueiro é um termo que serve para definir tanto a van quanto o seu motorista. Não raro, os condutores são chamados pelos angolanos de taxistas, ainda que estes não desempenhem a mesma função que os seus colegas do Rio de Janeiro, do Recife, de Lisboa, de Londres ou Nova York. Se estivessem no Brasil, seriam o enquadrados como “transporte alternativo”.

Nos pontos de ônibus, ao parar um candongueiro, salta o cobrador que aos gritos anuncia o destino do veículo. Quando para apenas um, tudo sai bem. Quando param alguns, estabelece-se uma disputa por passageiros, cria-se uma pequena confusão, mas em questão de segundos tudo se dissipa à medida que o trânsito flui.

Os candongueiros têm saída e destinos fixos, mas a rota pode variar de acordo com fatores como trânsito,  chuva ou simplesmente porque o “taxista” resolveu tomar outro caminho. “E se o passageiro tomou o carro, imaginando descer em um determinado ponto, e o candongueiro resolve mudar no meio da viagem, como fica a situação dele?”, perguntei a uma colega angolana. A resposta foi simples: “O passageiro pede para descer e pega outro”. E como toda instituição, o candongueiro não será importunado sobre questões como devolução de dinheiro.

Por falar em dinheiro, o passageiro paga em torno de 100 kuanzas, a moeda local, o equivalente a US$ 1, por uma viagem nos candongueiros; alguns cobram 200 kuanzas. É bem mais caro que um bilhete de ônibus (30 kuanzas ou US$ 0,30), mas como estes são raros terminam por não compensar pelo tempo de espera.

Portanto, senhor ou senhora viajante, se os táxis amarelos são a marca de Nova York, os ônibus vermelhos de dois andares são um símbolo de Londres, Luanda tem os seus candongueiros. E eles estão por toda parte.

Texto e foto: Gilvan Oliveira

2 thoughts on “Candongueiros, uma marca de Luanda

  1. Cecília

    Notável, também, a depreciação dessa em particular e a sagacidade de seu proprietário. Antes de ver todos os remendos, a luz quebrada e o pneu aposto que todos olhamos os adesivos de florzinha 🙂

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  2. Maria

    Este facto, é a atual realidade de Luanda. Mas urge evoluir. Quem visita Luanda necessita de transportes alternativos, com rotas definidas e o conforto necessário para que a experiência de percorrer alguns quarteirões da cidade não seja surrealista; ou simplesmente … de um táxi que ao ser chamado à porta de um hotel, responda de imediato ou à hora marcada … fluindo através do transito.

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