Niterói
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Por Pedro Henrique Leite — Niterói

Uma roda de samba com gente alegre e afetuosa e um repertório de clássicos. É assim que a magia acontece no Candongueiro, um cantinho de Niterói que nasceu junto com a história de amor do casal Ilton Mendes e Dona Hilda. Há 31 anos, os dois começaram a organizar pequenas rodas de samba para os amigos nos fundos da casa onde moravam em Pendotiba. Com o tempo, o reduto foi crescendo e ganhando amantes fiéis, o que levou o casal, em 1990, a comprar o terreno da frente para receber todos que procuravam ouvir, cantar, dançar e celebrar a vida.

Filho de um operário e de uma dona de casa, Ilton cresceu em meio ao samba e ao carnaval. Com seu tradicional chapéu-panamá e o pandeiro em mãos, o fundador do Candongueiro deixou para a cidade e para a cultura popular um imenso legado. Ao lado de Dona Hilda, hoje aos 77 anos, recebeu grandes nomes do samba, como Aldir Blanc, Beth Carvalho, Dudu Nobre, Dona Ivone Lara, João Nogueira, Wilson Moreira, Moacyr Luz, Teresa Cristina, Nelson Sargento, Luiz Carlos da Vila e Monarco. E um público animado, de todos os cantos do estado.

Ilton Mendes, o Candongueiro — Foto: Breno Platais
Ilton Mendes, o Candongueiro — Foto: Breno Platais

O sambista morreu no último dia 1º de outubro, aos 77 anos, vítima de um AVC; e, com sua partida, ficaram dúvidas sobre a continuidade das atividades da casa. Sem hesitar, Ivan Mendes, filho do casal, anunciou que vai manter o legado dos pais. O show vai continuar com pandeiro, tantã, cavaco, surdo, clarinete, violão e as vozes sempre bem alinhadas para quem curte samba de raiz, partido alto e cerveja gelada em um lugar acolhedor e familiar.

Sede do Candongueiro, no Rio do Ouro — Foto: Marcio Alves / Agência O Globo
Sede do Candongueiro, no Rio do Ouro — Foto: Marcio Alves / Agência O Globo

O compositor, cantor, escritor e estudioso das culturas africanas Nei Lopes conta um pouco da trajetória da roda do Candongueiro e mostra como ela está entrelaçada com a História do Brasil e a resistência do samba e da cultura popular.

—Nos anos 1970, o regime militar encaminhava tudo da cultura brasileira no rumo que era determinado pelos grandes grupos econômicos que até hoje dominam. O mundo do samba não se calou e foi resistência cultural. O samba de mesa começa a predominar, o samba mais natural e menos espetacular. Ele começa a sobreviver e se fortalecer nesses ambientes. E é nesse ambiente que, uma década depois, nasceu o Candongueiro. Na minha opinião, foi e é o mais importante reduto do samba, com uma representatividade fora do comum — afirma Nei.

O cantor e compositor Toninho Geraes relembra com carinho o surgimento do lugar:

— O Candongueiro não é uma casa comercial. Ilton e Hilda plantaram uma semente que cresceu em uma árvore frondosa. O Candongueiro, para o samba, é muito grande, porque abriga o pessoal mais tradicional, veio para suprir essa carência e valorizar os artistas do samba. Principalmente as velhas guardas de todas as escolas. Na minha vida, já cantei em grandes palcos do Brasil, em vários lugares, mas quando cantei no Candongueiro eu fiquei muito, mas muito feliz — diz.

Em 2020, a roda de samba tornou-se Patrimônio Cultural Imaterial da Cidade. Em novembro, o Candongueiro terá uma programação especial celebrando o Mês da Consciência Negra. A sede fica na Estrada Velha de Maricá 1.154.]

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